HOUSE IN ESPINHO
Espinho, Portugal
2024




[PT]
Uma peça de betão preenche a casa pelo seu interior, encaixando-se dentro das paredes das antigas fachadas. Num gesto só, procura resolver o aumento e relações da volumetria da cobertura, o ambiente identitário, háptico, do interior, a comunicação espacial desde o último piso até ao logradouro e a relação de toda a casa com este espaço exterior. Resolve ainda de forma clara a relação, sempre difícil, ora de aproximação ora de distanciamento, entre os elementos pré-existentes e os novos.

Todo o espaço, toda a casa, vai atrás do gesto deste corpo duro. A partir da entrada, num momento marcado pelo pé-direito comprimido, estabelece relação franca com o logradouro num movimento muito horizontalizado e, num outro mais vertical, com o núcleo das escadas, um vazio que une todos os pisos e todos os seus espaços. No conjunto desses espaços aparentemente pequenos e rígidos, próprios de uma casa desta escala, integram-se quatro espaços propositadamente grandes e de programa flexível, à medida dos dias de hoje: uma cozinha maior do que a sala, um espaço polivalente sem programa definido, uma plataforma exterior à espera de ser reinventada e um jardim que poderá tudo ser mas que, só por ali estar, povoa o interior da casa através dos janelões a sul.

À dureza do betão, que resolve todo o espaço, associa-se a madeira, que devolve a temperatura própria do habitar. Em conjunto desenham um “ser e estar sobre a terra”, no espírito do velho texto de Heidegger. O tempo flui, tal como os discursos, mas hoje, como sempre, construindo e habitando, ou vice-versa, somos sempre, somos simplesmente.



Technical information
Architecture: depA architects
MEP: AS Engenharia e Arquitectura, Adesus
Contractor: F.A. & V. Araújo Construções
Photography: Frederico Martinho